Pesquisar este blog

sábado, 23 de novembro de 2013

Oficina Petrópolis Arte e Imagem - Programação

ROTEIRO INICIAL QUE PODERÁ SER MODIFICADO CONFORME AS CONDIÇÕES DE TEMPO E HORÁRIO DE CHEGADA
Dia 23/11/2013 (Sábado)
Manhã: 10h às 13h - Concentração: Catedral Metropolitana

OFICINAS


·         ESTUDOS DE RESILIÊNCIA (1/4)
O caso dos rios urbanos. Procura identificar quais potenciais existentes nos rios urbanos, potenciais para sua renaturalização, revitalização, reabilitação, remediação, recuperação, restauração, preservação e adequação as novas condições sustentáveis nas relações entre o meio ambiente e os seus atores de convívio permanente. A busca é na direção da valorização dos recursos hídricos no tecido urbano. Que paisagens poderão ser proporcionadas pelos rios urbanos, que relações promovem essas ações de melhoria do espaço urbano, isto é, a qualidade de vida urbana.
·         REGISTRO DOS ELEMENTOS NA ARQUITETURA QUE COMPÕEM PAISAGEM DO MEDO DA VIOLÊNCIA EM PETRÓPOLIS. (1/4)
Tendo como base teórica pesquisa (PROARQ / FAU / UFRJ – tese de doutorado – titulo: VIOLÊNCIA URBANA E O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DOS ACESSOS AOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO DA GLÓRIA, RIO DE JANEIRO/RJ), que parte da observação de que tem sido cada vez mais intenso, nas sociedades contemporâneas, um sentimento generalizado de medo em significativa parte dos moradores das cidades. Tal fato decorre dos constantes casos de violência, em suas diferentes formas, que deterioram as relações sociais e citadinas. No nosso caso particular, observamos esta questão a partir da sua relação com a arquitetura que dela decorre, avaliando a percepção e a valorização da proteção contra a violência nos projetos de arquitetura e nos edifícios já constituídos na malha urbana.
13H ÀS 14H – ALMOÇO OU LANCHE
TARDE: 14HÀS 17H - CONCENTRAÇÃO: CATEDRAL METROPOLITANA

OFICINAS


·         ESTUDOS DE RESILIÊNCIA (2/4)
·         REGISTRO DOS ELEMENTOS NA ARQUITETURA QUE COMPÕEM PAISAGEM DO MEDO DA VIOLÊNCIA EM PETRÓPOLIS. (2/4)
·         IMAGEM DA ARQUITETURA E DA CIDADE: Estudo estético e iconográfico da Capela do Mosteiro da Virgem.

Dia 24/11/2013 (Domingo)

Manhã: 10hàs 13h - Concentração: Catedral Metropolitana

OFICINAS


·         ESTUDOS DE RESILIÊNCIA (3/4)
·  REGISTRO DOS ELEMENTOS NA ARQUITETURA QUE COMPÕEM PAISAGEM DO MEDO DA VIOLÊNCIA EM PETRÓPOLIS. (3/4)
·         PAISAGEM URBANA. Identificação de referenciais de análise da paisagem urbana, considerando que a cidade é antes de tudo uma ocorrência emocionante no meio-ambiente (CULLEN, 2010). Dessa forma, se propõe um breve estudo dos cenários desenhados pelo centro histórico e que o caracterizam como tal (arquiteturas, perspectivas, equipamento público e outros).
·         REGISTRO DOS ELEMENTOS NA ARQUITETURA QUE COMPÕEM PAISAGEM DO MEDO DA VIOLÊNCIA EM PETRÓPOLIS. (3/4)
·         HISTÓRIA DA ARQUITETURA. Modelo de trabalho sobre o NEOCLASSICO com embasamento em conceitos neogóticos da era medieval. Para a análise do estilo, é proposto o levantamento da Catedral de São Pedro de Alcântara (Figura 1), com identificação visual dos feixes de colunetas, as estruturas de arcobotantes, as ogivas, arcos e vitrais, assim como a arquitetura monolítica expressa até nos degraus da escadaria do átrio, onde as pedras são cortadas para aquela finalidade;
·         IMAGEM DA ARQUITETURA E DA CIDADE. Estudo estético e iconográfico da Capela do Mosteiro da Virgem (Missa às 10h30min) e da Catedral Metropolitana.
13H ÀS 14H – ALMOÇO OU LANCHE
TARDE: 14HÀS 17H - CONCENTRAÇÃO: CATEDRAL METROPOLITANA
ESTUDOS DE RESILIÊNCIA (Conclusão)
REGISTRO DOS ELEMENTOS NA ARQUITETURA QUE COMPÕEM PAISAGEM DO MEDO DA VIOLÊNCIA EM PETRÓPOLIS. (Conclusão)
PAISAGEM URBANA. (Conclusão)
REGISTRO DOS ELEMENTOS NA ARQUITETURA QUE COMPÕEM PAISAGEM DO MEDO DA VIOLÊNCIA EM PETRÓPOLIS. (Conclusão)
HISTÓRIA DA ARQUITETURA. (Conclusão)
IMAGEM DA ARQUITETURA E DA CIDADE. (Conclusão)

SAÍDA DE PETRÓPOLIS: 17H. CHEGADA AO RIO: CHEGADA AO RIO: CERCA DE 18H30MIN.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Oficina Arte Imagem em Petrópolis - Texto básico (Prof. William Bittar/FAU-UFRJ)


PETRÓPOLIS
- algumas considerações sobre sua arquitetura -

por
William Bittar [1] 

 (Esse texto somente poderá ser reproduzido ou copiado com a autorização expressa do autor)

INTRODUÇÃO:
                Conhecida como Cidade Imperial, curiosamente este título não acompanha seu desenvolvimento desde os primórdios da fundação.  Só na penúltima década do século XX a cidade pode ostentar oficialmente esta justa honraria.
                Mais do que qualquer outro núcleo fundado ou que tenha progredido ao longo do século XIX, Petrópolis conseguiu, de forma resumida, expressar as significativas mudanças de uma Colônia luso-brasileira em uma tentativa de implantação de um Império nos moldes franceses.
                Aqui estão aliados, respondendo a novos fundamentos sociais, planejamento urbano e uma nova arquitetura, definindo cenários para um outro modo de vida que, no alto da serra, poderia ser desfrutado por imigrantes, segmento constitutivo da camada mais pobre local, e pela nobreza, com todo seu luxo e exuberância, que ali permaneceria mais de seis meses por ano.
                Em Petrópolis foram raras as adaptações decorrentes da mudança de uso, pois as edificações já eram definidas para atender a necessidades básicas, implantadas em lotes mais generosos, por vezes dotados de água e sistema de esgotamento.
                Subir a Serra da Estrela era chegar a outro mundo, longe do calor úmido da Corte, próximo ao cais, próximo de inquietantes epidemias e das ruas estreitas e sujas.  Subir a serra era viver a vida da Corte, numa cidade limpa, planejada, onde circulavam nobres em suas carrugens, a caminho do próximo sarau.
                Tal postura, mesmo com a República e ainda ao longo do século XX permaneceu, fazendo de Petrópolis, após a melhoria dos acessos rodoviários, local de veraneio em belas casas construídas próximas ao Hotel Quitandinha, de visitas às suas sorveterias, ou mesmo um prosaico passeio de domingo, quando curiosas crianças deslizavam (e ainda deslizam) pelos lustrosos pisos em parquet do antigo Palácio de Verão, agora Museu Imperial, permitindo, ainda que de forma fragmentada e pontual, uma tênue compreensão de como Imperadores se comportavam num Império Tropical.

DENOMINAÇÃO:
                Segundo a tradição, o nome Petrópolis (cidade de Pedro) seria uma sugestão do Mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa, em homenagem ao Imperador D. Pedro II, inspirado na cidade russa de São Petersburgo.

LOCALIZAÇÃO/CLIMA/TOPOGRAFIA:

                A cidade de Petrópolis está situada no alto da Serra da Estrela, a 809m de altitude,  nos contrafortes da Serra do Mar, no Estado do Rio de Janeiro.  Seu clima é classificado como tropical de altitude, com temperaturas amenas, com médias entre 14° e 23° C.
                Uma característica da região é o aumento do índice pluviométrico entre novembro e março,  e também a presença de um forte nevoeiro, o “ruço”, que cobre a cidade ao final da tarde.
                A topografia da cidade, entrecortada por vales, definiu seu modelo de ocupação original, de forma linear, frequentemente acompanhando o leito dos rios Quitandinha e Piabanha.

HISTÓRICO:

                Com a descoberta do ouro na última década do século XVII, iniciou-se uma ocupação gradativa do interior, cujo acesso se fazia por antigas trilhas indígenas ou bandeirantes.
                Alguns caminhos tornaram-se importantes vias de penetração e ao longo destas, diversas sesmarias foram doadas para os primeiros ocupantes daquelas paragens.
                Um destes caminhos, serra acima, passava por onde se desenvolve a cidade de Petrópolis.
                “Esta paisagem oferecia dois aspectos bem diversos.  Nos cumes, a natureza agreste e selvagem derramava-se, verde e abrupta, pela extensão dos picos de granito.  Nas encostas, as terras cultivadas, as herdades, as granjas, pequenos tetos e pequenos lares onde o trabalho honesto apresentava os seus efeitos[2]
                As sesmarias, com o passar do tempo, dividiram-se em fazendas, hoje logradouros conhecidos da região, como Correas, Samambaia, Quitandinha, Córrego Seco e outros.
                Após a Independência, em 1822, o novo Imperador do Brasil, D.Pedro I, em suas constantes viagens, tomou contato com aquela região serrana, de clima ameno e agradável, onde pernoitava com relativa freqüência nas terras do Padre Correas, que tentou, infrutiferamente, adquirir.
                “Ora, um dia em que ele vinha com a segunda imperatriz, pousou no Córrego Seco e foi ela que louvou as virtudes da paisagem”[3]
                Recebidos por Dona Arcângela Joaquina da Silva, que solicitamente abrigava a grande comitiva, geravam muitos transtornos e despesas, que não passaram desapercebidos a Dona Amélia, a jovem Imperatriz educada nas casas européias.
                Atendendo às solicitações da esposa, insistiu na compra daquelas terras, oferta recusada por D. Arcângela.
                Em 1830, por indicações daquela mesma senhora, comprou a fazenda do Córrego Seco, onde pretendia instalar um Palácio de Verão, empresa que a abdicação, em 1831, impediu de concretizar.
                Somente no segundo Reinado, seu filho e sucessor, D.Pedro II, iria iniciar a realização do sonho do pai, através de decisões do Mordomo da Casa Imperial, o Conselheiro Paulo Barbosa, que havia arrendado a antiga fazenda, visando arrecadar fundos e mantê-la em condições satisfatórias.
                O Major Koeler, seu último arrendatário, na ocasião da renovação, resolveu propor uma forma diferente de ocupação: a instalação de uma colônia agrícola de imigrantes alemães.
                A resposta veio de forma solene com a promulgação do Decreto Imperial n° 155, arrendando a fazenda a Koeler, em troca do levantamento da planta da futura povoação, definindo a distribuição dos prazos[4] de terras aos colonos e do Palácio de Verão.
                A criação de Petrópolis como estância de veraneio e pólo de atração da nobreza deveu-se principalmente a estas decisões.  Os acessos foram melhorados.  Imigrantes alemães que chegaram ao porto do Rio de Janeiro foram ali instalados, além do incessante trabalho do major Koeler, que organizou a colônia de seus conterrâneos, em 1843 e três anos depois traçou o plano urbanístico da cidade e continuou a construção do Palácio Imperial, iniciada em 1845.
                Em 1844, Koeler firmou um contrato com a firma de Dunquerque, Carlos Delmer & Cia, prevendo a vinda de 600 casais[5] de trabalhadores como carpinteiros, ferreiros e pedreiros, para construção imediata do suporte para assentar a Colônia Agrícola, empreendimento logo frustrado pela inadequação do terreno e a viabilidade crescente do trabalho em artesanato e indústria, sugerindo a instalação de fábricas, aproveitando a abundância das águas da região.
                Este processo iniciou-se com produtos alimentares caseiros, como conservas, manteiga e queijo, seguindo-se a construção de carroças.
                Em 1853, várias indústrias já estavam estabelecidas na região, como uma fábrica de tecidos, três de cerveja, uma serraria e uma de calçados, gerando, em 1854, a fundação da Sociedade de Agricultura e Indústria.
                Ainda durante o Império, em 1883, foi fundada a Fábrica Petropolitana , na Cascatinha, que associava ao edifício fabril, de características inglesas, a implantação de uma Vila Operária, partido que seria adotado com frequência nos anos subsequentes, pricipalmente após a Proclamação da República.
                Petrópolis tornou-se tão importante no segundo reinado que seria possível afirmar que dividia as atenções com a Corte do Rio: tempo quente, família Real na serra (novembro a abril), regressando em épocas mais amenas e menos sujeitas às doenças tropicais.   
                A própria viagem refletia os ideais da época, quando o bucolismo e o pitoresco eram valorizados: tomava-se um barco no centro[6], dirigindo-se até o porto da Estrela, em Magé, dali, em carruagens, subia-se a Serra.
                Mais tarde, já com a ferrovia, na estação de Guia de Pacopaíba, no fundo da baía da Guanabara, fazia-se a baldeação barca-trem, que em cremalheira subia os contrafortes da montanha.
                Com menos de 15 anos, já se cogitava em elevar a vila à cidade, o que ocorreu em 1857, com a formação da primeira Câmara dos Vereadores.
                Em 1861 inaugurava-se a primeira estrada de rodagem do país, a União e Indústria, ligando Petrópolis a Juiz de Fora e, em 1883, o trem chegava direto à cidade.
                Mesmo com a República, que frequentemente procurou obscurecer as realizações do Império, Petrópolis continuou atrativa: lá estava localizada a residência de verão da Presidência, o palácio Rio Negro.
                Nos anos 40, um dos principais cassinos do Estado do Rio de Janeiro ali instalou-se: tratava-se do Quitandinha, imponente edificação “Normanda”, à entrada da cidade, inaugurado em 1944, atraindo turistas de todo o mundo.
                Até os anos 60 Petrópolis permaneceu como agradabilíssima cidade de veraneio ou férias, longe do burburinho do então Distrito Federal e reduto daqueles que, mais abastados, dispunham de um local mais tranquilo para descanso e lazer.
                A partir daí, com o incentivo ao transporte rodoviário,  ocorreu uma ocupação desenfreada e irracional, com o lucro fácil como objetivo: construíram em encostas, poluíram-se os rios, dilapidou-se o patrimônio cultural e a cidade de veraneio transformou-se em ponto de passagem, comprometendo as vias de caixa reduzida para o crescente volume de tráfego e a especulação imobiliária.

O TRAÇADO:

                A proposta urbanística para a cidade tratava-se de  um plano original para época: ocupação dos vales onde corriam os rios, abastecimento para as residências e possibilidade de esgoto sanitário.  Para muitos, Koeler teria utilizado a região renana, na Alemanha, como principal referência, cumprindo seu acordo com a casa Imperial que em seu artigo 10 estabelecia que o Major deveria “levantar a planta da futura Petrópolis e do Palácio, ...demarcar em prazos... todo o terreno e numerá-los”.
                Os imigrantes alemães acomodaram-se nos vales, em quarteirões[7], demarcados pelo Major, divididos segundo a região de procedência, atribuindo-lhes nomes “familiares”, na maior parte das vezes em homenagem a locias da Alemanha como Bingen, Castelânea, Ingelheim, Mosela, Nassau, Palatinato, Renânia, Siméria, Westfália. “Alonga-se e já se estende, num raio de cinco a seis milhas, contornando morros, seguindo os cursos d’água, sem direção exata, conforme os rumos obrigatórios.  No centro acham-se as duas ruas principais, a do Imperador, de traçado correto, vasta perspectiva, e a da Imperatriz, que defronta o palácio.  Duas outras ruas nascentes, opostas às primeiras, formam com elas um quadrado quase oblongo, no meio do qual se eleva uma colina...”[8]  Além disso, o lote generoso (prazos) permitia uma ocupação mais racional, com preocupações com insolação e ventilação adequadas.
                O traçado original, que parcialmente ainda pode ser detectado em alguma ruas do Centro, não resistiu às transformações de uma Colônia Agrícola em sub-sede do Poder, ainda no século XIX, nem às modificações mais recentes, quando uma tranquila cidade de veraneio tornou-se via de passagem por suas ruas estreitas, e os antigos lotes que comportavam casas com generosa implantação foram ocupados de forma predatória por edifícios de vários pavimentos, comprometendo todo o abastecimento de água, luz, serviços de esgotos e fluxo viário.


SISTEMAS CONSTRUTIVOS:
                Com seu processo de ocupação iniciado em meados do século passado, principalmente por imigrantes, a cidade não apresenta uma tradição significativa de sistemas construtivos do período colonial, inclusive pela pouca presença da mão-de-obra escrava ou lusitana, responsável pelos edifícios da antiga Colônia.
                Apenas em exemplares isolados, como o Museu Casa do Colono, em Castelânea, ainda é possível observar as técnicas construtivas dos primeiros colonizadores: paredes interna de vedação em pau-a-pique, preenchidas com barro e capim, que também já fora utilizada pelos portugueses nos primeiros tempos da colonização.
                Petrópolis incorporou as inovações técnicas advindas da Revolução Industrial, que desde 1808, com a Abertura dos Portos,  permitiu a entrada de produtos como ferro, vidro, folha de Flandres, em grande escala, alterando os tradicionais hábitos de construir.
                É possível perceber a fusão de processos artesanais de construção, frequentemente utilizado em fundações  e em algumas paredes autoportantes (pedra e barro) com materiais e técnicas mais modernas, como o tijolo importado e a estrutura metálica, tanto para vencer vãos de cobertura, acrescentar varandas, escadas, ou mesmo constituir estruturas autônomas.
                Com a chegada do Ecletismo, diversos outros materiais de acabamento, na sua maioria importados, foram acrescentados: ladrilhos hidráulico, parquet para os pisos,  azulejos nas fachadas, telhões de louça esmaltada nos beirais, coberturas em ardósia, lambrequins debruando os frontões dos chalés, além de requintes para interiores vindos diretamente da Europa para ornar os salões desta sociedade que prezava o hábito de receber quase acima de tudo. Um bom exemplo desta sofisticação ainda pode ser observado no pátio interno na antiga residência do Barão de Mauá, próxima ao Palácio de Cristal, onde um sofisticado sistema de catracas embutidas em colunas permite a abertura de básculas junto à cobertura.


PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO:
                O Patrimônio Arquitetônico de Petrópolis é notável, encontrando-se ruas inteiras passíveis de preservação pela qualidade e multiplicidade de partidos e gostos, desde o neoclássico imperial até construções contemporâneas.
                Um curto percurso por ruas próximas ao atual Museu Imperial permite compreender o potencial deste patrimônio: o Palácio, a casa da Princesa Isabel, a Catedral de S.Pedro, chalés, chácaras, edifícios de ferro e vidro, edificações ecléticas, neocoloniais, normandas, déco, modernas, construções dos anos 1970,  enfim, uma variada possibilidade de apreender a produção arquitetônica nacional, disposta em poucas quadras, que merece ser observada em conjunto com o que resta do plano Koeler, modificando a observação de Ribeyroles em 1860: “Em que ponto do Rio, esplêndida queimada, se acharia ar mais puro, clima mais salubre que Petrópolis?”[9]


ARQUITETURA OFICIAL:

                Considerando a importância de Petrópolis como sub-sede do poder, já que por cerca de seis meses por ano a Corte ali se instalava, os edifícios construídos para abrigá-la podem ser considerados como Arquitetura Oficial.
                Por suas características administrativas especiais, não vamos encontrar aqui a Casa de Câmara e Cadeia, tão comum nos núcleos coloniais, e se algum exemplar de edificação pública hoje existe, provavelmente já é decorrente da instituição da República, como a Prefeitura, Câmara e edifícios acessórios, instalados em prédios adaptados.
                O mais importante representante da presença da Família Real na cidade é o Palácio de Verão, atual Museu Imperial,  edificação de grandes dimensões, implantado em meio a jardins ingleses e franceses, desenhados por Jean Baptiste Binot, sob orientação pessoal do Imperador.  Seu risco original é atribuído ao Major Koeler, desenvolvido posteriormente por Cândido Guillobel, Porto Alegre e Jacinto Rebelo, profissionais ligados ao neoclassicismo produzido na Capital, influenciados por Grandjean de Montigny.
                Construído em 1845,  apresenta fachada com dominante horizontal, corpo central elevado em dois pavimentos destacado pela inserção de corpo sacado, suporte do terraço apoiado em pórtico de arcos plenos marcando o acesso principal.  Este corpo é encimado por frontão triangular com as armas do Império,  ladeado por pilastras compósitas, pintadas de branco, destacando-se do fundo rosa do restante da edificação.
                A planta é composta por corpo central de dois pavimentos, dividindo simetricamente o conjunto em duas alas laterais que, durante o Império, abrigava o complexo programa de residência e local de trabalho do Imperador.
               
                O Palácio Amarelo, atual sede da Câmara de Vereadores, foi construído no final do século passado para residência do Conselheiro Mayrink e após a República, em 1894, passou ao poder da municipalidade.
                Com programa adaptado às novas funções, trata-se de edificação eclética, de dois pavimentos e fachada simétrica, com elementos de filiação clássica, como a colunata da fachada e duas cúpulas revestidas em ardósia.  Sua implantação diante de uma praça de grandes dimensões favorece a apreensão do conjunto, enriquecendo a composição.

                O Palácio dos Correios, edificação eclética de gosto classicizante, já representa o gosto republicano para edifícios públicos.  Foi projetado por Cristiano das Neves, em 1922, utilizando referências do renascimento francês para o conjunto disposto em dois pavimentos, arrematados por telhado em ardósia com aberturas à feição de mansardas. A sofisticação se faz presente também no interior, onde um amplo salão é arrematado por um conjunto de vitrais importados.

                O Palácio Rio Negro, residência oficial da Presidência da República na cidade, foi construído ao final do século XIX, provavelmente em 1889, como residência para o Barão do Rio Negro.  Após a Proclamação da República, o Palácio abrigou a sede do governo entre 1894 e 1902, quando Petrópolis foi a capital do estado.  Após 1902, a edificação passou às mãos da União até nossos dias.  O conjunto hoje compreende três edifícios: o bloco central principal, em dois pavimentos, com fachada de inspiração classicizante, um chalé lateral e uma edificação menor, na outra extremidade, de clara influência do Renascimento Francês, de dois pavimentos, arrematada por telhado em ardósia, com a marcação de mansardas e ornamento central representando a “Justiça”, lembrando a época que este pavilhão, construído pelo filho do Barão, funcionou como Tribunal da Relação.
               

ARQUITETURA CIVIL:
                Petrópolis não apresenta muitos exemplares do período inicial de ocupação, quando imigrantes alemães ali se estabeleceram.  Como referência, restou o Museu Casa do Colono, onde, além da arquitetura, pode ser observado parte do cotidiano daquela comunidade através de seus utensílios e artefatos.
                No entanto, do conjunto construído a partir da metade do século XIX, muitos edifícios chegaram até hoje, alguns em muito bom estado de conservação. 
                A Avenida Koeler, projetada pelo Major que lhe dá o nome, disposta ao longo do rio Quitandinha, aglutina boa parte deste notável acervo, em lotes generosos, dotados de belos jardins arborizados.
                Ali podemos observar exemplos notáveis, como a Casa da Princesa Isabel, no n° 42, antiga casa do Barão do Pilar, construída entre 1849 e 1857 e reformada em 1877 para abrigar a Princesa Isabel e seu marido, o Conde d’Eu.  O resultado da reforma produziu uma residência bem proporcionada, disposta horizontalmente sobre porão alto que a destaca do jardim francês.  O corpo central destaca-se pela presença de frontão triangular apoiado sobre colunas jônicas, gerando discreto avarandado de acesso.  Sem pretensões de grandiosidade, trata-se de um dos mais delicados exemplos de residências neoclássicas produzidas no Brasil Imperial.
                O espírito romântico apresenta-se em exemplos como o Chalé localizado no n° 215, ou em residências como a de n°131, ou ainda nas águias e leões dispostos juntos aos portões dos jardins.  O próprio conjunto da rua, arrematado pela Catedral ou pela Praça da Liberdade favorece ao clima do Romantismo.
                O Ecletismo de caráter Historicista tem seu melhor representante na Vila Itararé, edifício ao final da alameda, junto à praça,  de feições medievais, com paredes revestidas em pedras, torreões, vitrais e arcos ogivais.
                O movimento neocolonial, que tanta importância teve no Rio de Janeiro na década de 1920, ali deixou um marco significativo:  a residência localizada no n° 304, com azulejos na fachada, frontões curvilíneos e a inserção de um muxarabi[10] como vedação de vão.
                Saindo da Avenida Koeler, por todo o núcleo histórico e adjacências é possível encontrar exemplos significativos da evolução da arquitetura, demonstrando que a cidade, por suas características sócio-políticas, esteve sempre em sintonia com o que estava acontecendo no restante do país.
                Alguns exemplares merecem destaque especial:
Palácio Grão-Pará - Atual residência da Família Imperial, a edificação foi construída entre 1858 e 1861 para abrigar o quartel dos “semanários”, isto é, fidalgos que se revezavam no serviço do imperador.  Originalmente integrava um conjunto composto com o Palácio, cocheiras e aposentos de serviço.  Trata-se de edifício de gosto neoclássico, com dois pavimentos, de autoria do arquiteto Teodoro Marx, da Casa Imperial, com forte influência do Renascimento florentino.
Residência do Barão de Mauá - A edificação, siutada na Praça da Confluência, nº 03 foi construída na segunda metade do século XIX, período de apogeu econômico do Barão de Mauá, que posteriormente teve que vendê-la para saldar a sucessão de dívidas. Trata-se de edifício de dimensões medianas, de dois pavimentos, implantada em centro de terreno, com fachada bem proporcionada utilizando o repertório neoclássico.
Palácio de Cristal - Pavilhão que representa a arquitetura da Revolução Industrial ou do Ferro, que adquiriu importância a partir da Exposição inglesa de 1851.  Compõe-se de estrutura metálica, planta em cruz, com área de 224m2, vedado com placas de vidro.  Chegou ao Brasil em 1879, inteiramente desmontado, sendo a primeira construção pré-fabricada aqui instalada, inaugurada em 1884.  Foi produzido nas oficinas de Saint-Saveur-les-Arras, na França,  e montado no Brasil pelo engenheiro Eduardo Bonjean, com a finalidade de abrigar exposições de produtos da região. Após a República, o pavilhão continuou com vida movimentada, abrigando bailes, museu histórico, rinque de patinação e até corpo de bombeiros.[11]
Residência da Família Tavares Guerra - Palacete implantado à Av. Ipiranga, nº 716, em centro de terreno com jardins de influência romântica, atribuídos a Glaziou, representa o ecletismo aplicado à arquitetura utilizando modelos vitorianos como referência principal.  Conta a tradição que o autor do projeto, procurando demonstrar sua habilidade, criou uma fachada aparentemente simétrica, mas que apresenta sete erros numa observação mais atenta. Em sua fachada é possível observar-se as iniciais do primeiro proprietário, J.T.G., e uma data, 1884, que pode ser atribuída ao período de construção.
Residência de Santos Dumont - Pequena edificação conhecida como “A Encantada” implantada em terreno de aclive acentuado e dimensões reduzidas, sugerindo um “chalé” dos Alpes.  Foi idealizada por Santos Dumont e projetada pelo Engenheiro Eduardo Pederneiras, que assina as plantas expostas no local.  Vale mais pela curiosidade de seu espaço unitário e adaptado com racionalidade e seu caráter histórico do que pelo seu valor arquitetônico.
Conjunto Fabril da Cascatinha - Este conjunto, afastado do centro histórico, compunha-se, originariamente, de um complexo composto do edifício principal destinado à fábrica de tecidos, de clara influência inglesa, e quadras de casas destinadas aos operários, organizadas em uma Vila, procedimento usual em estabelecimentos afins ao final do século passado.  A fábrica encontra-se desativada e muitas das casas descaracterizadas, apesar do tombamento.
Conjunto Fabril Santa Helena - Mais afastado do Centro histórico, localizado no Morin, este conjunto, de tombamento recente, construído em 1908, continua a tradição de edifícios fabris inspirados em modelos ingleses.  Também associa uma Vila Operária, de pequenas dimensões, ao edifício principal, também bastante descaracterizada por reformas sucessivas nas unidades habitacionais.
Grupo Escolar Pedro II - Edifício escolar projetado por Heitor de Mello, ao final da década de 1910, de gosto neocolonial, um dos exemplares responsáveis pela difusão deste estilo, seguindo o exemplo de outros países latino-americanos que utilizaram repertório semelhante para seus edifícios escolares.
Palácio Quitandinha - Notável e grandiosa edificação projetada por Luiz Fossati e Alfredo Baeta Neves, em gosto normando, foi construído em 1944 para abrigar um Hotel-Cassino.  Este empreendimento de 50.000 m2 de área construída, 440 apartamentos, salões, restaurantes, piscinas, foi da maior importância para implementar o turismo na região, tornando-se conhecido inclusive internacionalmente.  Com a proibição do jogo, em 1946, este fantástico conjunto nunca mais retornou aos seus momentos de glória.
Theatro Dom Pedro ( antigo Cinema Pedro II) - Edifício com finalidade de abrigar um cine-teatro, localizado em um dos pontos de maior concentração do Centro, próximo ao Museu Imperial, apresenta fachada de influência art-déco, revestida em pó-de-pedra.  Foi recuperado recentemente.
Centro Cultural Raul de Leoni - Edifício construído nos anos 1970, na Praça Visconde de Mauá, nº 305, próximo à Câmara dos Vereadores, situação que compromete sua relação com o entorno.  Utiliza o repertório brutalista, difundido principalmente em São Paulo a partir dos anos 60,  enfatizando o uso do concreto aparente em grandes volumes, num predomínio dos cheios sobre os vazios.


ARQUITETURA RELIGIOSA:
Catedral São Pedro de Alcântara[12] - Edificação eclética historicista, inspirada no gótico francês, constitui-se, junto com o Museu Imperial, em um dos principais símbolos da cidade.  Tanto a fachada, com a utilização do revestimento em pedra, arcos ogivais nos vãos e da torre vertical central, quanto a planta, em forma de cruz latina, apresentando um deambulatório[13] que circunda todo o perímetro interno do edifício, ou ainda a decoração interior onde predomina a madeira escura dos confessionários e púlpitos e a sugestão de abóbadas de aresta, marcadas em pedra sobre fundo branco, tudo remete à este modelo de arquitetura do passado que, durante o século XIX, constituiu-se em verdadeiro referencial para edifícios religiosos.  Suas obras, iniciadas por encomenda do Imperador em 1884, foram interrompidas com o advento da República e só retomadas ao longo do século XX[14]. É importante destacar que, junto ao nártex, está situada a Capela Imperial que abriga os restos mortais de D.Pedro II, D. Tereza Cristina, a Princesa Isabel e seu marido, o Conde d’Eu,  todos depositados em urnas ornadas por esculturas jacentes de seus ocupantes.


BIBLIOGRAFIA:
COLEÇÃO DO CENTENÁRIO - 7 v.  Petrópolis, Instituto Histórico de Petrópolis.
DECISÃO: PETRÓPOLIS - INFORMAÇÃO PARA INVESTIDORES.  Petrópolis,    Prefeitura Municipal de Petrópolis/FIRJAN/CIRJ/SESI/SENAI/IEL/SEBRAE, s.d.
EARP, Arthur Leonardo de Sá. Os Quarteirões in Petrópolis: Cidade Imperial - Mapa Turístico. Petrópolis: Petrotur, 1995.
GUIA DE PETRÓPOLIS. Petrópolis, Castor Comunicação, jan 1997.
LACOMBE, Lourenço Luiz. Um Resumo da História de Petrópolis in Petrópolis: Cidade Imperial - Mapa Turístico. Petrópolis, Petrotur, 1995.
RIBEYROLES, Charles.  Brasil Pitoresco. S.Paulo: Itatiaia. 2v.
SALGADO, Maria Luiza. As raízes de Petrópolis  in Município de Petrópolis - 2° Distrito - Cascatinha. Mapa Turístico. Petrópolis: Petrotur, dez 1996.









Roteiro inicial que poderá ser modificado conforme as condições de tempo e horário de chegada

Manhã: início cerca de 8h30min
1.       Catedral São Pedro
2.       Av. Koeler (palacete Isabel, chalés, palacetes ecléticos, neocolonial)
3.       Praça da Liberdade
4.       UCP / Casa de Santos Dumont
5.       Palácio de Cristal
6.       Catedral

Almoço ou lanche

Tarde:
7.       Museu e adjacências.
Saída de Petrópolis: 15h
Chegada ao Rio: cerca de 16h30min.

 (Esse texto somente poderá ser reproduzido ou copiado com a autorização expressa do autor)





[1] Esse texto somente poderá ser reproduzido ou copiado com a autorização expressa do autor.
[2]  Charles RIBEYROLES. Brasil Pitoresco. v.1. p.268
[3]  idem. op. cit. p. 269.
[4] lotes com dimensões suficientes para permitir a subsistência de uma família.
[5] Conta a tradição que, na tradução do contrato para o alemão, intencionalmente ou não, a palavra casais foi trocada por famílias, aumentando de forma incontrolável o fluxo migratório, obrigando a sustação da remessa.
[6] Na sua obra Esaú e Jacó, Machado de Assis comenta, ainda em sua Introdução,  que a mesma “apenas daria (e talvez dê) para matar o tempo da barca de Petrópolis”.
[7] Aqui quarteirões têm o sentido de bairros.
[8]  idem. op. cit. p. 280.
[9] op. cit. p. 281.
[10] Muxarabi ou muxarabiê - balcão de madeira treliçada de influência árabe, muito utilizado como elemento de vedação de vãos no Brasil, até o início do século XIX.
[11] Geraldo Gomes da SILVA. Arquitetura do Ferro no Brasil, p. 229.
[12] São Pedro de Alcântara é considerado o padroeiro do Império Brasileiro.
[13] Espécie de corredor que circunda a nave principal e permite o percurso de procissões.
[14] É possível verificar as datas das diversas etapas das obras registradas nas paredes do nártex, além de referências publicadas pelo Instituto Histórico de Petrópolis que acusam a conclusão da torre  no final dos anos 60.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Brasil no Olhar dos Viajantes - Episódio 2


Estreia do segundo episódio da sérieBrasil no olhar dos viajantes


O Brasil é formado por muitos brasis. Já foi Pindorama, português e também espanhol, francês e holandês. Essa pluralidade característica da nossa história é o tema do segundo episódio da série Brasil no Olhar dos Viajantes, que estreia no dia 29 de junho na TV Senado. A série inédita apresenta os relatos de estrangeiros que estiveram no Brasil desde o descobrimento e mostra sua influência na construção da nossa imagem perante o mundo e entre os próprios brasileiros. 
Se no primeiro episódio o espectador pôde conhecer o Brasil visto pelos viajantes do século XVI como o paraíso nos trópicos, de natureza exuberante e habitantes selvagens, no segundo episódio irá se deparar com um Brasil colonizado, fonte inesgotável de ouro e riquezas naturais. O Brasil que conhecemos, da “terra boa e gostosa”, das “fontes murmurantes” e do “formoso céu” também já foi descrito como o país dos avarentos, corrompidos, ociosos, ciumentos, indolentes e luxuriosos. Franceses e holandeses, em suas tentativas de colonização do território brasileiro, bem como os ingleses e alguns aventureiros que estiveram por aqui, registraram sua passagem e, entre descrições técnicas, próprias dos relatos de viagem, deixaram também impressões e queixas a respeito daqueles que habitavam e dominavam parte do Novo Mundo.
                As narrativas produzidas por esses viajantes e as imagens que traziam sobre o Brasil circulavam por toda a Europa, apresentando ao mundo letrado um lugar desconhecido, distante e exótico. Boa parte desse acervo servirá como referência para os nossos intelectuais que, séculos depois, teriam a missão de resgatar o passado e construir uma nacionalidade brasileira.  
As curiosidades e os fatos desse importante período da história do Brasil são apresentados no segundo episódio da série, que reúne documentos da época, imagens raras e depoimentos de pesquisadores que se dedicaram a investigar a relação entre a literatura de viagem e a consolidação da nossa identidade.


Chamada 1 – http://www.youtube.com/watch?v=RkA9Zh3AfvU

Chamada 2 - http://www.youtube.com/watch?v=kHRSwSjLoPM

Chamada 3 - http://www.youtube.com/watch?v=aT7XIj4CEzM&feature=youtu.be


Brasil no Olhar dos Viajantes, 2013
Estreia: dia 29 de junho, às 21h30
Direção: João Carlos Fontoura
Duração (episódio): 60min
Reprises: Junho: sábado, 29/06 – 21h30 / Domingo, 30/06 – 12h30
Julho:  Sábado, 06/07 – 14h30 /Domingo, 07/07 – 20h30 / Sábado, 13/07 – 4h00  Domingo, 14/07 – 15h30

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Topografia e Arquitetura: Definição, história e conceituação.



 Figura 1: Topógrafos latino-americanos (ITD Ingenieria Topografia y Diseño, 2013)

A. O que é Topografia
Topografia é a ciência que estuda uma determinada superfície, com todos os seus acidentes geográficos naturais ou não, definindo a situação e a localização de qualquer área e determinando analiticamente as medidas (área/perímetro), com expressão exata de seu relevo através de representações gráficas em cartas ou plantas topográficas.
É a ciência que se ocupa da descrição do relevo de uma localidade (do grego, topos=lugar, região e graphen= descrição), ou ainda a arte de representar graficamente o relevo e as características desta localidade; Topografia significa a descrição exata e detalhada de um lugar, determinando as dimensões, elementos existentes, variações altimétricas, acidentes geográficos, etc.
A análise topográfica reúne dados, obtidos através de cálculos, métodos e instrumentos que permitem o conhecimento do terreno, dando base para execução de projetos e obras realizadas por engenheiros ou arquitetos e sendo fundamental para a etapa de projeto e a execução da obra.

1. Finalidade da Topografia

A Topografia mapeia uma pequena porção da superfície da terra e representa graficamente, através da planta de levantamento topográfico, todas as características de uma área (relevo, curvas de nível, elementos existentes no local, metragem, cálculo de área, pontos cotados, norte magnético, coordenadas geográficas, acidentes geográficos, etc.).
A planta topográfica deve ser elaborada com equipamentos apropriados e métodos de medição e representação gráfica considerando-se os parâmetros, metodologia e legislação de acordo com as normas técnicas.

2. Breve história da Topografia

A Topografia surgiu simultaneamente à cartografia, de maneira instintiva, pela necessidade do homem de demarcar caminhos, locais de caça e propriedades.
Antigas civilizações (egípcios, chineses, gregos, árabes, romanos e babilônicos) utilizaram instrumentos rudimentares, que serviram para delimitar propriedades, traçar rotas comerciais e erguer construções. A groma egípcia, por exemplo, é um instrumento manual com uma base em forma de “X”, suspensa por uma corrente e que tem pendentes em cada ponta do “X” uma corda com um pequeno peso. Além de ser utilizado para alinhar direções em áreas planas até objetos distantes e depois transferir as linhas para o solo marcando linhas retas, podia ser usada para marcar ângulos necessários nas construções, como por exemplo, nas pirâmides (cf., Agrimensura en la Época Romana, TIMERIME, 2013) .
Mas, os instrumentos topográficos se desenvolveram muito principalmente no século XVII, , quando a construção de limbos graduados foi substituída pela fabricação de teodolitos, instrumento ótico usado para medir com precisão ângulos horizontais e ângulos verticais.
Outro fato importante para os estudos topográficos ocorreu em 1873: Em 1828, C.F. Gauss havia apresentado um modelo aperfeiçoado da figura da Terra, mas em 1873 o termo geoide foi criado por J.F. Listing, que propôs a denominação de Geóide para a forma da terra (circunferência da terra que é determinada pelo nível médio dos oceanos em calmaria e se estende por sob os continentes formando um círculo) e Molodensky, em 1945, demonstrou que a superfície física da terra podia ser determinada a partir das medidas geodésicas (do geóide). Assim, os topógrafos passaram a formar as redes geodésicas, sistemas de determinação das características físicas da superfície terrestre baseadas na altitude, com relação ao geóide, e longitude. Recentemente, a maior revolução na topografia foi à invenção do GPS (Sistema de Posicionamento Global) que possibilitou determinar posições estáticas ou em movimento com rapidez e precisão do que qualquer outro método anterior.

3. A importância da Topografia

         
 A Topografia é um instrumento para a implantação e acompanhamento de obras. Isto é a base inicial para engenheiros e arquitetos realizarem qualquer projeto ou obra por representar em planta e em qualquer escala, todas as variações apresentadas em uma superfície, a identificação de todos os limites de propriedades, a expressão exata de seu relevo com todos os detalhes que estão ao seu interior (vegetação, vales, córregos, cercas, cursos d’água, edificações e outros).
São várias as aplicações da topografia na implantação de projetos de engenharia, sendo verificadas em diversas modalidades, tais como: Edificações em geral - aeroportos, portos, cais, conjuntos habitacionais- Obras de arte - túneis, pontes, pontilhões, viadutos; Barragens; Sistema de drenagem – galerias, canais; Sistema de água e esgoto; Planejamento urbano; Paisagismo; Usinas Hidrelétricas; Telecomunicações; Agricultura; Reflorestamento dentre outros.

B. O que é a Arquitetura

 Figura 2: Arquyteturas (CARVALHO,  2013)

A Arquitetura é a arte ou técnica de projetar e edificar o ambiente habitado pelo ser humano.”
A Arquitetura trata do design do ambiente construído pelo homem, o que engloba desde o desenho de mobiliário (desenho industrial) até o desenho da paisagem (paisagismo) e da cidade (urbanismo), passando pelo desenho dos edifícios e construções. O trabalho do arquiteto envolve, portanto, toda a escala da vida do homem, desde o manual até a urbana.
Falar em Arquitetura é falar sobre o espaço, o principal meio de expressão e de trabalho do Arquiteto, porque a Arquitetura envolve os espaços criados pela construção, os espaços interiores, os exteriores e os subjetivos.
C. A importância da Topografia para a Arquitetura
Analisando as etapas da construção civil, pode-se constatar que esta atividade está envolvida no desenvolvimento principalmente urbano e social.
A primeira coisa que o construtor deverá fazer após adquirir uma propriedade para nela construir um empreendimento imobiliário é solicitar um serviço de levantamento plani-altimétrico cadastral do terreno (a topografia). O levantamento topográfico confirma a metragem de uma determinada área e, com o levantamento plani-altimétrico, o construtor terá como avaliar o preço, o retorno de seu investimento financeiro e também constatar o que sobrará de área para construir levando em conhecimento as Leis do regem o plano diretor Municipal.
Um exemplo é se o cliente vai comprar um imóvel urbano com o lote de 15m x 35m que possui um córrego o qual passa pelos fundos da área. Com a posse de um levantamento topográfico o cliente tem condições de saber que poderá construir em um raio de 15m afastado do córrego, outro parâmetro de se levar em conta é o plano diretor, o qual traz a informação que a área de construção deverá ter mais um recuo na calçada e mais uma área verde de 5m na parte frontal do terreno.
Chega-se à conclusão de que o terreno com 35m de comprimento vai passar a ter somente 15m disponível para obras de construção ou até menos dependendo das diretrizes que regem o plano diretor de seu município. Neste sentido o cliente evita um investimento de grande valor por um que lhe auxilie na tomada de decisão, que proporciona uma visão mais ampla em relação à compra, assim o cliente pode informações que sejam relativamente de baixo custo.
A verificação da real geometria e altimetria do terreno também trazem segurança ao engenheiro ou arquiteto que for realizar um estudo de massa.
Um levantamento topográfico bem apurado deverá considerar todos os elementos existentes no local, tais como: Meio fio, arruamentos internos, alinhamentos de muros e cercas, marcos demarcatórios, árvores, caixas de drenagem, postes, ralos, edificações existentes, edificações confrontantes, indicação do sentido do trânsito, existência de rios ou córregos próximos ao terreno, pontos cotados, curvas de nível, taludes, rochas, etc. Portanto, julgamos que o levantamento topográfico do terreno é imprescindível antes de investir cegamente num negócio imobiliário. Na fase de execução da obra, a topografia serve de instrumento técnico para evitar erros na demarcação dos limites do terreno, locação de nivelamento dos furos de sondagem, demarcação do esquadro da obra, locação de estacas, locação de pilares, nivelamento do terreno, acompanhamento das prumadas dos pilares, nivelamento dos pisos e lajes, marcações das áreas de lazer e jardim, etc.
  D. Referências

1.       CARVALHO, Gaio. Arquyteturas. Disp. em: https://www.facebook.com/gaio.carvalho. Acesso: 22 de abril de 2013.
2.      IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O que é o Geóide? Disp. em: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/oquee_geoide.shtm. Acesso em: 22 de abril de 2013
3.      TIMERIME. Agrimensura en la Época Romana. Disp: http://timerime.com/en/event/1457050/Agrimensura+en+la+poca+Romana/. Acesso: Abril 2013.